Renan Ferreirinha

Um dos principais problemas trazidos pela pandemia é a volta do aumento das taxas de abandono e evasão escolar. É urgente que o poder público crie políticas que recuperem os alunos que foram afastados da escola durante a pandemia, além de fortalecer ações de prevenção da evasão e do abandono. Na Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, criamos um projeto de Busca Ativa que recuperou mais de 20 mil alunos que estavam fora da escola. A rede de proteção social precisa ser fortalecida, com iniciativas intersetoriais, oferecendo suporte socioemocional, espaços de convivência saudável e alimentação de qualidade.

Os aprendizados da pandemia nos mostram a importância de uma Educação Integral que oferece além do ensino de matérias nas escolas, as dimensões física, afetiva e socioemocional de cada aluno. Precisamos de um ensino com novas metodologias pedagógicas e participação da comunidade escolar, formando alunos aptos a fazerem leituras críticas do mundo, das questões sociais, das atuações individuais no coletivo e do exercício da cidadania.

A educação brasileira já tinha graves problemas, que foram ainda mais agravados com a chegada da pandemia, como a desigualdade de acesso à escola e rendimento escolar. O longo fechamento das escolas afastou os alunos do ambiente escolar e aumentou ainda mais a defasagem na aprendizagem, principalmente dos que se encontram em maior situação de vulnerabilidade. Isso tornou ainda mais clara a necessidade de colocar foco prioritário na construção de políticas públicas para o enfrentamento das diversas desigualdades da nossa sociedade, priorizando e destinando mais recursos e esforços para grupos que mais precisam, de acordo com suas realidades e necessidades.

Na rede municipal do Rio, fizemos uma reorganização do currículo, baseado em uma densa avaliação diagnóstica da rede que mapeou as dificuldades específicas de cada grupo para a aplicação de estratégias e metodologias efetivas. Para que seja possível a recuperação da aprendizagem dos alunos, é preciso continuar focando na formação continuada dos professores, para que estejam aptos a enfrentar essa nova realidade tão desafiadora.

A fase mais importante para o desenvolvimento de uma criança é a Primeira Infância, período de 0 a 6 anos. São nos primeiros anos de vida de uma criança que ocorrem a maioria das conexões cerebrais, o que tem um grande impacto sobre a capacidade intelectual, a personalidade e o comportamento social da criança no futuro. As creches, além de serem fundamentais para o desenvolvimento cognitivo das crianças, também têm um papel importantíssimo para as famílias, que precisam contar com um local seguro para que suas crianças possam ser educadas, cuidadas e bem alimentadas.

No Brasil, muitas famílias ainda têm dificuldades em conseguir vagas em creches para seus filhos. Enquanto Secretário Municipal da Educação na SME, expandimos o acesso à creche em mais de 9 mil novas vagas em apenas um ano. São milhares de famílias que podem trabalhar certas de que seus filhos estão em um ambiente estimulante, confiável e adequado para os receber.

O Brasil precisa investir mais na inclusão digital de nossos estudantes e profissionais de educação. Atualmente, ainda há milhões de estudantes sem acesso à conectividade e a dispositivos digitais. Garantir a oferta de conectividade e infraestrutura tecnológica de qualidade em todas as escolas públicas e assegurar o acesso a equipamentos e à internet para os professores e estudantes precisam ser metas prioritárias a serem endereçadas no curto prazo para minimizar os efeitos da pandemia na aprendizagem. Desde o início da nossa gestão na Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, oferecemos conectividade para todos os nossos estudantes e professores poderem utilizar, sem custos, a plataforma de ensino remoto desenvolvida para a rede. Falar de equidade na educação é não deixar nenhum estudante para trás, seja qual for sua condição socioeconômica.

As novas tecnologias, desafios e oportunidades de carreira fazem com que seja preciso repensar o modelo e formato de educação que fornecemos. Temos escolas construídas no século XIX, com professores formados no século XX, ensinando a geração do século XXI. Precisamos debater um novo modelo de currículo para a Educação Básica, que seja mais atrativo para o aluno e que ensine as habilidades necessárias para potencializar seu futuro. Na SME, criamos o Ginásio Experimental Tecnológico (GET), o modelo de escola pública mais inovadora do Brasil, onde a educação é focada no modelo STEAM, fazendo a integração de conhecimentos de Artes, Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Isso possibilita que o aluno se prepare melhor para os desafios como cidadão e também tenha mais oportunidades de ingressar no mercado de trabalho.